domingo, 24 de abril de 2011

Um tempinho

Não está fácil arrumar tempo para escrever aqui. Como não está fácil arrumar tempo para fumar, o que é bom.

Estou acabando o segundo maço de adesivos de nicotina e conseguindo sobreviver com, mais ou menos, o número de cigarros liberados pelo médico --no momento, três por dia. Não comecei a mascar as gomas de nicotina, já que o objetivo é acostumar meu cérebro com menos dorgas.

Para ser sincero, fumo amparado pela falta de vergonha na cara do que pela instigado pela vontade. Daria para passar fácil sem cigarro, mas como meu trabalho anda muuuuito agitado, o cigarro acaba sendo aquele tempinho para dar uma levantada, respirar... bem, respirar não. 

Mas já sinto outro incentivo para parar chegando, junto com as temperaturas mais baixas e o ar seco: minha respiração já começou a virar uma sinfonia de assobios aflitivos. Então tenho essa motivação a mais. O problema é que só lembro dela quando respiro...

quarta-feira, 13 de abril de 2011

comprei os adesivos

Comprei os adesivos de nicotina. A primeira coisa a se notar é  o preço: 50 pilas, sete colantes, para uma semana de tratamento. Um pouco mais de sete reais por adesivo de uso diário. Ou seja: vou gastar mais do que perdia com cigarro. O tratamento com adesivo, diz a bula, dura entre oito e dez semanas --ou quinhentos contos, digo eu. Uma grana de verdade.

A bula também alerta para os efeitos da superdosagem da nicotina: de dor de cabeça a diarreia (espero não estar fazendo uma cagada usando os papeizinhos).

Na caixinha do remédio, também há um guia com instruções para ajudar a parar de fumar, tipo:
1. quando a vontade for grande, beba um copo de água, concentre-se em conversar com alguém, dê uma voltinha; normalmente a fissura passa em alguns minutos.

2. faça um diário sobre sua experiência para parar de fumar.

3. quando caíres em tentação, não desista: anote no diário o motivo que o levou a sucumbir e o evite, pelo menos ao longo do tratamento.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Dia 1 - parando de fumar

Ontem fui ao médico e traçamos o plano para parar de fumar. Para os fracotes de plantão, é do tipo "para de fumar fumando".

Uma paulada: vou usar adesivos de nicotina 21 mg (ainda não sei o preço) na primeira semana, mais dois comprimidos de bupropiona (o genérico do zyban, já tomo para ansiedade) e chiclete de nicotina. Posso fumar até seis cigarros por dia. As gominhas devem ser usadas em último caso.

O doctor vai acompanhar de perto: posso ficar agitado por causa da nicotina ou até ter uma overdose da droga do cigarro (não é nada grave): dor de cabeça, tontura etc.

Por outro lado, ele garantiu que os efeitos da abstinência não serão grandes, afinal estarei usando nicotina.

Dependendo de como eu reagir, na segunda semana as doses caem para metade: adesivo de 7 mg, três cigarros.

O objetivo, pelo que eu entendi, é adaptar meu cérebro pra menos nicotina: hoje, ele já foi moldado para uma dose grande, os recepetores de não sei o quê têm que se acostumar com menos, progressivamente.

A empreitada dura dez semanas: é o tempo máximo indicado para usar os adesivos.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

O vício, o vício

Dois comentários recentes no blog surpreenderam: são de duas pessoas que usaram repositores de nicotina (chiclete, adesivo) não por um, dois ou três meses, mas por anos!

Sim, amigos. Anos. Considero que ambas venceram o vício psicológico do cigarro, mas o físico... é foda mesmo. Isso se chama dependência de nicotina!

Eu, que vou ao médico na próxima segunda para começar meu tratamento, fiquei ressabiado. Imagina depender por muito tempo de chiclete ou de adesivo de nicotina? Que merda vai ser.

E não adianta achar que não faz mal: provavelmente, usar nicotina por chiclete ou adesivo é menos prejudicial que por fumacinha, mas ainda assim nicotina é uma droga, chiclete deixa os dentes amarelados, dá ressaca de cigarro etc.

Fora que fica muito fácil cair em tentação né? Você tá lá, numa balada, bebou umas e outras, acabou o chicletinho, um monte de fumantes por perto... e aí? como faz?

As duas vezes que eu parei de fumar com chiclete, usei durante dois, três meses, antes de abandonar de vez. Mas depois de um tempo, voltei a fumar... O negócio é sempre manter uma goma por perto, à mão, meses, anos ou décadas depois. Mas troca, porque envelhece.